E às vezes o sol nao nasce, mesmo que o universo faça tudo certo. Às vezes ele nao dá as caras.
Nao ilumina o dia, nao traz calor, nao deixa o dia bonito. É… às vezes ele nao vem.
E como tudo que muda repentinamente do lugar, que sai do habitual, do comum, esse tipo de acontecimento desestabiliza. Tira o chao. Cava um abismo.
Nao é fácil sair da escuridao. Nao é tao fácil enxergar o que precisa ser visto e nao é legal estar sozinho nessa busca.
O mundo gira, a cabeça gira junto. Tudo se move. Menos aquilo que você gostaria que andasse, que tomasse rumo, que alçasse voo.
Falta o sol. Falta a vida. Falta motivaçao.
Falta amor. Falta compreensao também.
Falta identificar-se com algo conhecido, bonito, que tenha alguma referência com aquele tempo em que tudo parecia sorrir. Algo que te arranque da posiçao atual.
E tudo parece longe, fora de alcance. Impossível.
Se o sol soubesse que apenas um raio, um pequeno facho de luz que entrasse aqui, nesse lugar que criei pra me proteger de tudo que nao tenho capacidade de enfrentar… Se ele soubesse que apenas um pouquinho dele já me ajudaria muito, mudaria tudo! Se ele soubesse…
Já dizia o poeta: “Tem mais presença em mim o que me falta.”
Sou tudo o que me falta: carne, ossos e cabelos. Um coraçao tomado pelo que me falta, mas que nao é ingrato com o que tem. Isso tem que ficar bem claro. O problema é que poucos entendem.
Sigo em busca. Caminhando. Persistindo. Perseguindo. Às vezes esqueço o que, mas nao por muito tempo, só o suficiente para nao enlouquecer.
O sol nao nasceu hoje. Nao nasce há um bom tempo. Mas eu vou dormir na esperança de que ele venha me ver amanha.
Fernanda La Salye – Ouvindo Jason Mraz, “93 Million Miles”