Síndrome do Pânico

Tensão muscular, coração disparado, tontura, dificuldade para respirar, calafrios, sensação de que algo horrível está prestes a acontecer, medo de perder o controle, medo de fazer algo errado, medo de morrer, medo…

Essa é a descrição da minha última madrugada ao lado de minha irmã, vítima de Síndrome do Pânico, conjunto de mecanismos físicos e mentais que permite que uma pessoa reaja a uma ameaça , sem haver perigo iminente.

Algumas pessoas são mais suscetíveis ao problema do que outras. Constatou-se que ela ocorre com maior frequência em algumas famílias que e isto pode significar que há uma participação importante de um fator hereditário (genético) na determinação de quem desenvolverá o transtorno. Entretanto, muitas pessoas que desenvolvem este transtorno não tem nenhum antecedente familiar, como é o caso da minha irmã.

Como muitos, seu corpo desencadeou um desequilíbrio na produção dos neurotransmissores, o que leva  algumas partes do cérebro a transmitir informações e comandos incorretos; alertando e preparando o organismo para uma ameaça ou perigo que na realidade não existe. É como se ela tivesse um despertador que passa a tocar o alarme em horas totalmente inapropriadas.

Foi horrível vê-la chorando angustiada e com tanto pavor. Por um momento quis ser médica para ter certeza de que qualquer coisa que fizesse por ela, realmente a deixaria bem. Mas foi através de um abraço apertado, de um cafuné e da minha disposição em não deixá-la sozinha, que aos poucos ela foi melhorando.

Incrível como em meio a tantas descobertas que fazemos diariamente, esquecemos que pequenos gestos realmente fazem a diferença.

Presenciar a forma como ela melhorou me fez pensar em todas as pessoas que sofrem da mesma maneira ou que se sentem inseguras, precisando apenas que alguém pare alguns minutos para abraçá-las e dizer que vão conseguir, que está tudo bem e que não há o que temer.

O medo realmente paraliza, mata. Quando não mata o corpo, mata os sonhos, as oportunidades. Tem o poder de neutralizar qualquer possibilidade de ser feliz.

Quando ela conseguiu dormir comecei a pensar se em algum momento eu senti medo a esse ponto de não realizar os meus sonhos, de perder as oportunidades, de não enxergar que não havia o que temer porque Deus estava comigo. Aproveitando, quero abrir um parênteses: algumas pessoas costumam dizer que quem sofre de Síndrome do Pânico tem “falta de Deus”. Só queria lembrá-las que nascer é um risco e que a partir desse momento, somos “potenciais clientes” a obter doenças ou males que não escolhem idade, crença ou religião, ou até mesmo se possuímos um plano de saúde ou grana para o tratamento. Falta de Deus tem aqueles que não se sensibilizam com o sofrimento dos outros. Fecha parênteses. Também refleti no que tenho sido para as pessoas que amo: segurança ou pavor? Incentivo ou trauma? Minhas palavras e atitudes causam marcas. Elas têm sido positivas ou negativas?

Não sei, me resta refletir um pouco mais e mudar naquilo que achar necessário, mas uma coisa eu já posso fazer: não hesitar ou negar aquilo que considero mínimo a alguém, pois atitudes, por menor que sejam, realmente  salvam.

2 comentários sobre “Síndrome do Pânico

  1. Amiga, só quem realmente passou (e passa) por isso, compreende o sentido de cada palavra que vc escreveu!
    Não vejo o dia de estar completamente livre desses sentimentos e sensações!
    Me senti abraçada e dengada por vc!
    Obrigada!

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